-Anemia de Diamond-Blackfan. - sentia um baque no coração casa vez que pronunciava aquilo.
-Eu disse que havia uma maldição. Não quiseste acreditar. Nem…
-Pai já chega. Não queres apoiar-nos não apoies, mas não dificultes as coisas.
E era assim que os dias se passavam. Passaram umas quantas semanas desde o diagnóstico. O médico veio falar comigo e com o Bill e disse-nos que havia uma maneira de ela ficar curada. Deixava de precisar da transfusão de sangue e podia ter uma vida normal.
-O que achas do tratamento? - perguntou-me.
-Ainda estás muito chateado comigo?
-Dixie…Não. Tu és a mãe da minha filha, vou sempre gostar de ti, de uma maneira ou de outra.
-Então vou ter de te pedir um favor. Eu quero tudo o que possa salvar a Hayley. Mesmo tendo noção que não queres nada comigo, que ela pode rejeitar a medula, que o bebé pode morrer. Nada me é tão precioso quanto ela. - menti, ele era-me muito também. -Eu quero tentar.
-Eu também quero. Mas vai ser difícil acertar à primeira.
-Nunca ouviste falar de fertilização in vitro? Não te vou pedir que faças nada comigo “embora eu queira muito”. Vamos recorrer a fertilização, escolher um embrião compatível e vou implantá-lo.
-Vais implantá-lo onde? - olhou para mim com os olhos muito abertos.
-Bill, no útero, onde achas que os bebés se desenvolvem? Mas pronto. Concordas?
-Se isso salvar a nossa menina… Eu faço tudo. - disse vindo abraçar-me.
Era tão bom. O calor do corpo dele no meu, a sua respiração suave na minha nuca. Ia ter mais um filho com ele, e isso chegava-me por enquanto.
Nas semanas seguintes corremos do Havai para Nova Iorque e vice-versa. Dos oito óvulos que retiraram de mim e conseguiram inseminar, um era compatível com a Hayley. Com todos os testes que fizeram aos cromossomas do bebé percebemos que era outra menina. Ele andava todo animado porque a Hayley melhorou e podemos voltar para a Alemanha e babava constantemente para a minha barriga nada saliente. Comprámos uma casa onde vivíamos com a Hayley, que tinha o seu quartinho de princesa novamente e estávamos a decorar o da outra menina, que decidimos chamar Brielle. Era tão bom andar com ele a preparar a chegada da nossa filha mais nova. Os nossos pais e gémeos andavam também igualmente felizes pois no meio de toda a desgraça perceberam que ia haver um novo membro na família. O Tom arranjou namorada, uma tal de Avery Sommers, mas estava mais tempo com a sobrinha do que com ela.
***
Chegou finalmente o dia há muito esperado. A nossa Brielle ia nascer e iam recolher as células estaminais do seu cordão umbilical para a Hayley. Fui transportada para a sala de partos e dei o meu máximo naquelas exaustantes 13 horas. Ela estava a vir numa posição nada favorável, e era muito difícil fazê-la sair. O Bill esteve o tempo todo ao meu lado, a dizer que estava quase, que a nossa menina vinha ai. Quando estava cansada e queria desistir lembrava-me da carinha da Hayley naquela cama de hospital e continuava. Finalmente a Brielle nasceu. Levaram-na de imediato. Só a vi de relance, mas era tão bonita ou mais ainda que a Hayley. A placenta demorou um pouquinho a sair e recolheram logo aquele sangue rico em preciosas células estaminais. Não precisei de pontos neste parto e depois de limparem tudo fui posta no quarto. Estávamos os dois nervosos e com uma carga emocional muito grande. Um médico entrou sem bater à porta.
-Sr. Kaulitz, Sra. Carter, lamentamos mas a vossa filha não resistiu.
Olhei para o Bill e só pensava que agora que tudo tinha chegado ao fim não podia ter perdido a minha filha. Tinha feito tudo por ela, gerado outra vida, e agora ela morria assim?
Peço desculpa, mas o tempo não chega mesmo.
Não tenho andado a ler nem a escrever, mas quando tiver um tempinho vou fazer isso tudo.
Este é da Lii's, a minha nova leitora!