A Hayley estava furiosa connosco por não a deixarmos sair de casa, mas não tínhamos outra escolha. A apenas três dias do transplante de medula ela não podia adoecer. Tinham passado mais de sete meses desde a morte da Brielle. O tempo passou muito devagar. Já quase não pensávamos na bebé, mas a ansiedade por causa do transplante da Hayley era muito grande. Só podíamos estar com ela e explicar-lhe o que ia acontecer, porque nessa mesma noite teríamos de ir para o hospital para todas as preparações necessárias. Ela adormeceu e eu aproveitei o momento para preparar as malas com tudo o que seria necessário para o tempo que estaríamos lá. As horas passaram e Bill veio buscar-nos. A presença dele era muito importante neste momento, tanto para mim como para a nossa filha. Acomodámo-nos no quarto que nos era destinado e ficamos a conversar com os médicos. A noite passou, e na manhã do dia seguinte vieram dizer-nos que iam fazer o transplante mais cedo porque não havia razão para esperar. Começou então a corrida deles. Eu fiquei simplesmente sentada na sala de espera enquanto o tempo passava. O Bill andava de um lado para o outro, a beber cafés atrás de cafés e nada nem ninguém o conseguia parar. Finalmente ela foi transferida para os cuidados intensivos, onde iria passar um ou dois dias para ver se o seu corpinho não rejeitava a medula da irmã. Isso significava que não ia poder vê-la. Deitei-me de costas nas cadeiras de plástico duro numa tentativa de descansar, mas o Bill veio ter comigo.
-Dixie, desculpa, eu não sabia que ia ser assim. Vamos começar a digressão dentro de quatro dias. Ela está bem, quer que eu vá, e se cancelasse tinha de contar que sou o pai dela. Mas eu não quero deixar-vos. - pensou alto enquanto encostava os cabelos negros na minha barriga.
-Não tem mal, eu e a minha família ficamos com ela. De qualquer maneira tens de fazer a tua vida, não é um erro de uma noite que vai acabar com quem tu és. - afirmei, pensando que para mim nunca tinha sido um erro.
Adormeci e só acordei passado umas horas, com o Bill lavado em lágrimas ao meu lado.
-Dixie ela não está nada bem. Está a rejeitar, o corpo dela pode não aguentar. E mesmo assim não nos deixam vê-la.
-Eu sei que é muito difícil Bill, mas temos de ser fortes.
-Deixa-me acabar! - gritou enfurecido, causando uma reacção de medo instantânea em mim. - Desculpa…eu…eu não te quero perder também. E deixa-me falar! Eu andei a esconder-te isto há muito tempo. Quando nos conhecemos no Havai eu comecei a sentir uma coisa por ti. Tu eras tão querida comigo…E depois aconteceu aquilo e eu... Dixie, eu…
Nem dei tempo de acabar. Ou muito me enganava ou ele estava a tentar dizer-me que também me amava, e não podia deixar esta oportunidade escapar assim. Levantei-me de repente e colei os meus lábios aos dele. Pude apreciar aquele toque durante alguns segundos, antes de ele me afastar.
-Desculpa, levei-te a pensar coisas erradas. Não era isso que eu queria dizer Addison. - boa, agora passei a Addison. -Eu queria dizer que já tinha alguém quando nos conhecemos. A Carly.
-Ca…Carly? Carly Safrom? - o pânico instalou-se nos meus olhos. Fiz figura de otária.
Parece que isto por estes lados anda um pouco morto.
Eu sei que também tenho culpa, mas vou tentar começar a postra mais frequentemente.
Este é de quem ainda tiver paciência para continuar a ler...