Todas as noites, há mais de um ano que eles não dormiam. Nos primeiros meses eu ficava acordado à porta do quarto que antigamente era das gémeas, e agora era do Matt e da Hazel. Ela estava lá dentro a dormir. De repente acordava a gritar e o Matt ia a correr abraçá-la e a mãe vinha também a correr. No primeiro dia quase me atropelou, mas não disse nada porque pensou que eu tinha acordado com os gritos da Hazel. Depois eu encontrei um lugar em que conseguia ver para dentro do quarto, mas onde ninguém me conseguia ver. Ela chorava tanto, todos os dias. Havia dias em que a minha mãe ia também para lá, e eu sem perceber porquê. Passado umas semanas só o Matt a ficava a consolar. Era sempre o mesmo, ela a chorar agarrada ao irmão e ele a dizer “Calma pequenina, ele não merece essas lágrimas”. Comecei a ouvir isso vezes demais e resolvi ficar no quarto que me pertencia e admito que chorei também. Chorei porque ela chorava por um rapaz enquanto eu a queria mais que tudo no mundo, mas sobretudo chorei porque havia um otário qualquer que estava a fazer a minha menina sofrer. Algum tempo depois comecei a conseguir dormir, mas aquela noite foi diferente.
Eu saí da minha cama e fui ao quarto em que ela dormia. Para meu enorme espanto ela estava efectivamente a dormir. Ela e o Matt. Aproveitei o momento e fui até à cama dela. Parecia um anjo, tal e qual como quando era pequena e dormia o dia todo. Meti-me de joelhos ao seu lado e sussurrei as únicas palavras que não me saíam da cabeça. Tinha ouvido em filmes e músicas, mas nunca tive a necessidade de o dizer. Até aquele dia chegar. “Hazel eu amo-te. Vou fazer tudo para te ter junto de mim. Prometo.” E num impulso do meu corpo encostei os meus lábios aos dela. Sim, eu sou um puto precoce, mas não tanto quanto o meu irmão. Virei costas e voltei para o meu lugar quentinho, que tinha a minha nova companheira, a minha querida e amada almofada. Nessa noite não ouvi o seu grito abafado pelas mãos do Matt. Devo dizer que estava um bocado fora de mim, ria-me sozinho de lembrar o momento em que finalmente toquei os seus lábios com os meus. Não havia nenhum sabor no mundo que se comparasse aos lábios dela. Eram tão doces, mas um doce viciante, não enjoativo. Dava vontade de ir lá de novo e ficar a noite toda com ela, acordá-la e pedir que me beijasse também. Mas não o podia fazer. O meu plano ia começar e não o podia condenar antes de tentar alguma coisa. Olhei para o relógio. 00:05. Dia 1 de Setembro de 2001. Levantei-me de rompante e comecei aos saltinhos e pequenos gritos em cima da minha cama. Não tinha reparado que já tinha recebido a minha prenda de anos, a melhor que alguma vez alguém me poderia dar. Pronto, a melhor não. A melhor era mesmo ter a Hazel abraçada a mim. Com tanta felicidade acabei por cair da cama, soltando desta vez um sonoro grito de dor. Antes de poder mexer-me já tinha a minha mãe, a mãe das gémeas, o Tom, a Karen e o Matt à minha volta. Mas nada da Hazel. O meu pequeno mundo desabou. Eu não ia chorar por cair da cama. Mas eu chorei porque a Hazel não estava lá. Eu queria vê-la mais que tudo o resto. Eu podia ter todos os ossinhos do meu franzino corpo partidos que eu não queria saber. Nada se comparava à dor de não a ter por perto. E saber que fui eu que lhe fiz todo aquele mal. “Era isso- pensei -eu sou o tal por quem ela chora”. Aquelas palavras não me deixavam em paz. A minha mãe correu para me abraçar. O meu irmão fez a mesma coisa. Mas eu não queria o abraço deles. O meu coração parou no momento em que olhei para a porta e vi a Hazel com uma adorável carinha de sono a entrar. Assim que me viu no chão correu para me abraçar. Tudo ficou brilhante de novo. Não significava que eu estava perdoado, mas alguma coisa significava.
-Billiezinho não chores, desculpa não te ter deixado falar. Fala agora, eu quero ouvir. E muitos parabéns pelos teus doze anos. Desculpa, mas como estavas chateado comigo eu não tenho prenda para ti. Já agora, podes-me dizer o que eu te fiz para ficares tão zangado comigo?
Esta foi a melhor frase que eu ouvi em toda a minha vida. Eu tenho todos os momentos da nossa vida guardados na minha memória, mas esta frase eu estampei numa t-shirt, eu fiz um bloco de notas inteiro escrito com ela, eu tornei-a o meu lema de vida. Esta frase significou tudo para mim. Por vários motivos. Primeiro, ela chamou-me Billiezinho. Ela nunca me chamava isto em frente a outras pessoas. Só me chamava por este nome tão carinhoso quando estávamos abraçados na nossa casinha de madeira perto da sequóia gigante que estava há cerca de um século no jardim da nossa casa. A casa estava construída no sítio onde era antigamente o jardim botânico da cidade, por isso temos um jardim lindo. Segundo, ela implorou-me que não chorasse. Nunca tinha gostado de me ver chorar, mas pensei que não se importasse depois do sofrimento todo que eu causei. Terceiro, nem ligou à minha cama porque pensou que eu estava a chorar por ela não me ter deixado falar. Quarto, ia ter a minha hipótese de falar com ela. Quinto, deu-me os parabéns e pediu desculpa por não ter prenda para mim. E finalmente, sexto, no mundo dela e depois de todo o mal que eu fiz, ela pensou que era ela que estava mal, que era ela que tinha errado.
-Hazel… - não consegui continuar, as lágrimas ainda escorriam pela minha face. Mas eram lágrimas de felicidade.
-Billiezinho eu queria dizer-te uma coisa, mas só digo se disseres primeiro o que me queiras dizer.
E na minha cabeça tudo acordou novamente. Os meus pequenos neurónios começaram a trabalhar, ainda que a carvão, para dizer o que tinha a dizer, pedir desculpa pelo que fiz. Mas eles trabalhavam mais rápido e com mais vontade para poderem ouvir o que a minha pequena bonequinha tinha a dizer.
O Bill é uma coisa --''
ResponderEliminarTadinho, caiu da cama abaixo xDDD
OMG xDDD
Mais :3
Também quero «ouvir» a Hazel portanto toca lá a postar ;D
ResponderEliminarAmei
Beijinhos
OHHH GOTT
ResponderEliminarPodia considerar-te assassina por me quereres matar de curiosidade mas não o vou fazer porque não quero ser má! xD
Bom, está 50000000000000*
Parabéns pela história fantástica ^^
Beijinhos